quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

GRUTA DE SOLIDÃO- Solidão de mãos dadas

 

 ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE LOURDES

 Ó Virgem puríssima, Nossa Senhora de Lourdes,
que vos dignastes aparecer a Bernadete, no lugar solitário de uma gruta, para nos lembrar que é no sossego e recolhimento que Deus nos fala e nós falamos com Ele. Ajudai-nos a encontrar o sossego e a paz da alma que nos ajudem a conservar-nos sempre unidos a Deus.
Nossa Senhora da gruta, dai-me a Graça que vos peço e que tanto preciso; (pedir a graça)…
Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!
Amém!
Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai

Solidão de mãos dadas
Esta reportagem poderia se resumir numa só frase:
"O mais importante evento de ciência e tecnologia de Pernambuco é uma feira de artesanato".


A entrevista com o secretário Aristides Monteiro já estava quase no final, quando veio a afirmação: "Em Pernambuco, o evento de maior representatividade em ciência e tecnologia é a Fenearte".

Ana Lúcia mora em frente à gruta que aprendeu a fazer em miniatura com argila. Foto: Jaqueline Maia
A Feira Nacional de Artesanato expõe anualmente, no Recife, o trabalho de artesãos de todo o país - mas principalmente de dezenas de cidades do interior do estado. Se não tivesse sido dita pelo próprio secretário de Ciência e Tecnologia, tal análise dificilmente poderia ser levada a sério. Soaria, se muito, como uma ironia.

Ainda na calçada da casa de dona Maria Lúcia, já se pode ver pedaços de argila secando sob o sol forte de um final de manhã no Sertão do Pajeú. A casa fica no meio de uma ladeira que leva até uma fenda de pedra onde o padre Osvaldo Prince colocou uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes em 1947. A garagem de Maria Lúcia é tomada por miniaturas desta pedra. De todos os tamanhos. Para os religiosos, Nossa Senhora de Lourdes fez um milagre, justamente ali, no distante município de Solidão. Dizem que depoisque o padre colocou a imagem na fenda, a pedra brotou água. Desde então, atrai milhares de romeiros de todo o Nordeste para o lugar. Em setembro, estima-se que 70 mil pessoas sobem aquela ladeira. Muitos ficam em vigília. Dormem até no terraço de Maria Lúcia.

O milagre realmente aconteceu. Pelo menos, o econômico. Com as constantes romarias, a cidade que traz a solidão no nome e na precária estrutura social enfim encontrou uma perspectiva. Viver de fé, literalmente. Nem que seja da fé dos outros. As miniaturas da gruta feita por Maria Lúcia utilizando argila, isopor, jornal, corda e cola e vendidas por R$ 5,00 são a principal fonte de renda da sua família. A poucos metros dali, na mesma ladeira, Alaíde Soares Ferreira é quem faz as pequenas imagens da santa em gesso para serem colocadas dentro das fendas. Vende por R$ 5,00 cada dúzia. Complementa a renda ajudando a mãe em um restaurante na frente de casa - deserto em dias de semana. E assim, com a produção simples de artesanato, as duas mulheres assumiram aresponsabilidade de serem as chefes de família - uma revolução.


Para criar o filho, Alaíde passa noites fazendo imagens de Nossa Senhora de Lourdes. Foto: Jaqueline Maia
Nem Maria Lúcia, nem Alaíde se consideram artesãs e nunca ouviram falar da Fenearte. Não existe nelas qualquer pretensão artística. A arte simples que produzem surgiu por necessidade, visão de mercado e um pouco de acaso. "Uma amiga minha me deu as formas e aprendi sozinha pela necessidade. Aqui, ou vai pra roça ou arruma um emprego na prefeitura", conta Alaíde que se limita a produzir as miniaturas da santa. Põe o gesso na forma, tira com cuidado e pinta. Repete mecanicamente. Sem esboço de criatividade.

Maria Lúcia já começa a ousar um pouco mais. Ainda assim, com exceção das grutas, quase tudo o que vende em sua garagem é comprado em Juazeiro do Norte, no Ceará. Principalmente, as imagens mais trabalhadas da santa, feitas em resina. A peça mais cara custa R$ 25,00. Ela comprou por R$ 15,00 há mais de um ano. Nunca conseguiu vender.

Ao saber que Solidão está inserida em um projeto para trazer cursos técnicos e equipamentos necessários para formar novos artesãos, não demonstra qualquer entusiasmo - mesmo consciente de que poderia produzir as obras que precisa ir comprar no Ceará. "Acho que tá bom deste jeito mesmo. Se as pessoas aqui aprenderem a fazer as peças, vão querer também vender e os preços vão acabar baixando", diz, sem demagogia, preocupada apenas com o seu negócio e sem acreditar na transformação de Solidão em um centro de artesanato capaz de fornecer produtos para outras cidades.

A situação

- Solidão tem 5.532 habitantes, distribuídos em 1.303 residentes na área urbana e 4.229 pessoas na zona rural. O comércio de imagens sacras - alimentado pelo turismo religioso - começa a se tornar uma importante fonte de renda para famílias que sempre dependeram da agricultura, muito precária na cidade. Aproveitar o mercado já existente para se criar um processo de produção artesanal é uma forma de viabilizar econômicamente a região.

O que Solidão precisa

- Capacitar 30 artesãos em desenhos ornamentais, pintura para imaginárias sacras, conhecimento de materiais e técnicas empregadas na fatura da imaginária e aulas práticas na elaboração de imaginária, empreendedorismo e economia solidária.

- Capacitar 90 aprendizes artífices adolescentes e jovens adultos em desenhos ornamentais, pintura para imaginárias sacras, conhecimento de materiais e técnicas empregadas na fatura da imaginária e aulas práticas na elaboração de imaginária, além da discussão acerca do empreendedorismo e economia solidária.

Um comentário:

  1. Eu Gilvan moro em Sao Paulo a mais de 20 anos,sou natural de Tabira PE mais sempre entro na internet para ver a imagem de nossa sra de Lourdes e contemplar sua beleza.

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