sábado, 23 de abril de 2011

Rodrigo Braga esteve em Solidão! Teve seu projeto aprovado pela FUNARTE em 2009.




Desejo Eremita é o título da nova individual do artista Rodrigo Braga, cuja abertura acontece no próximo dia 9 de setembro, na Galeria Amparo 60.  Nesta série de 17 fotografias, Braga apresenta o resultado de uma residência de imersão numa zona rural entre as pequenas cidades de Tabira e Solidão – no sertão pernambucano, a 400 km do Recife. Durante o processo, o artista se afastou das demandas da metrópole e de seu ritmo incessante, e passou a viver outra rotina, como um eremita, num novo ambiente – ligado aos aspectos mais crus e ritualísticos da natureza – que o levaram a um estado criativo mais perto dos sentidos e dos sentimentos. O resultado foi uma série, exposta completamente apenas na Pinacoteca da UFAL, em Maceió, que mantém elementos muito caros ao trabalho fotográfico do artista, privilegiando as questões autobiográficas, traduzidas por meio de relações de troca física e simbólica entre seu corpo, elementos e contextos naturais. “Estar de corpo inteiro no espaço natural é também se reconhecer nele, numa outra interpretação de nossa própria origem e fim”, explica.
Durante o ano passado, Braga esteve no sertão em dois períodos. No primeiro momento, vivenciou o período chuvoso e conviveu com uma paisagem incomum de se ver no semiárido nordestino: o do verde e da abundância. No final do ano, ele voltou, agora para conviver com o contraste da adversidade da seca. “Nos dois casos me deparei com ambientes extremamente ricos em aspectos simbólicos para meus trabalhos. Isso me deu mais elementos do que eu imaginava para a produção das imagens. Esperava uma paisagem mais desértica e monótona, mas acabei me deparando com inúmeras possibilidades. Enfim, juntei um pouco de mim e outro tanto de tudo o que me rodeava e devolvi a série de fotografias Desejo eremita, que, certamente, é desdobramento de trabalhos anteriores, tanto pelas investigações estéticas quanto pelas preocupações discursivas”, conta.
Além dos aspectos geográficos e ambientais daqueles lugares, outro viés não previsto inicialmente acabou por adentrar no processo: o cultural. Contudo, não aquele cultural pitoresco ou folclórico, mas, sim, o específico. Ao chegar num território totalmente desconhecido ele desenvolveu relações de conhecimento, estabelecendo confiança mútua com algumas pessoas, notadamente a família Almeida, proprietária da pousada caseira que se hospedou pela primeira vez em Tabira. Assim teve a oportunidade de adentrar na intimidade de uma rotina até então desconhecida por ele. Dos sítios e fazendas da região à dinâmica da feira de animais ou da feira livre, foi tecendo relações que, de alguma maneira, também permeiam as fotografias, sobretudo as histórias de brutal violência humana e também animal que colheu. Segundo Braga, ao rever as imagens ele percebeu que certo teor rude não é casual, e sim reflexo de uma realidade muito peculiar e por isso mesmo instigante. A série Desejo Eremita é Programa de Bolsas de Estímulo à Criação 
resultado da pesquisa contemplada pela Fundação Nacional de Artes – Funarte, no Artística – categoria Fotografia.





Rodrigo Braga mostra nova exposição intitulada "Desejo Eremita"
O projeto é o resultado de uma imersão em uma zona rural entre as pequenas cidades de Tabira e Solidão, no Sertão pernambucano
Da Redação do pe360graus.com
O artista plástico Rodrigo Braga mostra nova exposição fotográfica individual na Galeria Amparo 60, em Boa Viagem. A abertura do trabalho intitulado “Desejo Eremita” acontece nesta quinta-feira (9). O projeto é o resultado de uma imersão em uma zona rural entre as pequenas cidades de Tabira e Solidão, no Sertão pernambucano.


No ano passado, Braga esteve no Sertão em dois períodos: na primeira vez, vivenciou o período chuvoso e conviveu com uma paisagem incomum, o de verde abundante. Na segunda vez, ele conviveu com as adversidades da seca.


Rodrigo Braga nasceu em Manaus em 1976, mas é radicado no Recife, onde se formou em Artes Plásticas, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2009, ele recebeu o Prêmio Marcantonio Vlilaça – Funarte/MinC, em 2010 o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia.




fotografia em Solidão
A segunda entrevista da série “Processo de criação” é com o artista plástico e fotógrafo Rodrigo Braga. Rodrigo teve um projeto aprovado pela Funarte que se chama Desejo Eremita. Diferentemente da Cia de Foto, Rodrigo partirá do zero e construíra o seu trabalho se isolando na cidade de Solidão, no sertão pernambucano. A entrevista foi feita em fevereiro e, provavelmente, Rodrigo já está recluso procurando os seus desejos. Para ilustrar a entrevista, Rodrigo nos mostra o seu último trabalho realizado, Paisagens de 2008.


Site de Rodrigo Braga, aqui.


Entrevista com Rodrigo Braga (em março de 2008) na seção Entrevistando…, aqui.


Mais sobre Rodrigo Braga no blog, aqui.










OLHA, VÊ Sobre o tema, “Desejo Eremita”, gostaria de saber sobre a escolha e as motivações para o desenvolvimento do projeto. RODRIGO BRAGA Partindo de uma experiência que vivenciei há um ano, durante uma residência artística na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais (da qual resultou a série Paisagens, 2008), nesse novo projeto aprovado pelo Programa de Bolsas Funarte de Estímulo à Criação Artística – categoria Fotografia, me proponho a uma radicalização da experiência de imersão sobre um tema ou situação. É uma amplificação de algo iniciado e que pede o desenrolar e o aprofundamento como uma poética em curso. É também uma potencialização de uma pesquisa sobre a linguagem fotográfica em dissolução de fronteiras com outras linguagens artísticas (como a performance e a Land Art) e uma abertura de ressignificações para a fotografia de paisagem.


OLHA, VÊ O processo de criação será como? RODRIGO BRAGA Desejo vivenciar um embate mais relacional e de mão dupla com elementos naturais, ou seja, não mais apenas partir para a prática a fim de executar uma imagem que já havia concebido enquanto idéia, mas construir essas imagens diretamente imerso no ambiente natural, em plena ação criativa enquanto processo. Para tal, me disponho a sair da profusão da grande cidade em retiro no meio rural no sertão pernambucano, num movimento opositivo aos excessos a que sou (somos) acometido diariamente nas grandes cidades. Para tal, morarei temporariamente em uma casa em meio rural no Sertão do Pajeú no estado de Pernambuco, estando diretamente integrado em uma paisagem de características que me interessam. Alugarei uma casa por 3 meses (março, abril e maio de 2009) no município de Solidão. Lá baseado, desenvolverei livremente meu projeto em deslocamentos pela região.


A escolha do município de Solidão vai para além de suas características naturais que interessam ao projeto. É também conceitualmente peculiar, dado ao seu isolamento político e econômico na região. A pequena cidade de cerca de seis mil habitantes faz divisa com o estado da Paraíba ao norte. E, talvez por estar em situação fronteiriça e, conseqüentemente, distante das capitais ou de outros pólos regionais de circulação de bens, sofre com extrema carência de toda ordem. Uma pequena cidade no mapa, onde o isolamento é a condição


OLHA, VÊ Qual a situação atual do projeto? RODRIGO BRAGA Por enquanto, apenas cuidei da infra-estrutura. Realizei uma primeira visita de reconhecimento ao município a fim de colher informações. Fiz orçamentos dos principais custos que terei que arcar, realizei um breve mapeamento geográfico-fotográfico de Solidão e entorno e conheci pessoas que certamente me ajudarão a me estabelecer com moradia.


OLHA, VÊ Os objetivos foram preestabelecidos ou não? RODRIGO BRAGA Meu projeto é detalhado em termos de procedimento e necessidades, mas não há objetivos tão claros quanto ao “produto final”, simplesmente porque se trata de uma produção em processo que depende inteiramente do envolvimento com o que encontrarei em minha nova realidade geográfica e temporal.


OLHA, VÊ Analisando os seus ensaios (antigos), e agora, apenas o título, acredito que você está sempre ligado com a sua intimidade e algum tipo de descoberta mais profunda. Estou certo? RODRIGO BRAGA De fato, em meu processo, já existe uma costumeira prática de expurgar e produzir imagens a partir de um universo quase sempre muito particular e até mesmo psicológico (como em trabalhos anteriores: Fantasia de compensação, Comunhão etc). Contudo, nessa nova produção, me proponho a provocar certa entropia em meu próprio processo de criação, no sentido de instaurar procedimentos até então novos na minha dinâmica de trabalho. Embora esteja em condição de isolamento, também busco uma alteridade junto à paisagem. Uma tentativa de me identificar naquilo que está ao meu redor e, também, perceber como esse entorno reverbera em mim.


Como nordestino, bem sei sobre as características peculiares da região tantas vezes representada pela rica cultura popular e tão relatada e amalgamada por alguns autores. Também sou consciente da farta representação pictórica e fotográfica existente sobre o nordeste. No entanto, almejando despojar-me desses estereótipos (construídos, ao longo dos últimos séculos, acerca da relação homem-sertão), buscarei me valer da percepção aguçada diante de um ambiente por mim ainda pouco vivenciado, para remontar, através da experiência direta com a crueza natural, a arquétipos e experiências menos culturalmente delineadas. Vislumbro estabelecer, através da imagem, uma relação mais espacial e sensorial do que cultural.










OLHA, VÊ Gostaria de saber sobre técnica fotográfica/produção. Como você irá realizar as fotos? E qual o resultado final planejado? RODRIGO BRAGA Como praticamente já iniciei minha produção fotográfica da “era digital” e com essa linguagem estou mais habituado, produzirei meus trabalhos com uma câmera digital de alta resolução. A luz certamente será natural, explorando suas possibilidades durante diferentes horas do dia e da noite. Embora o prêmio-bolsa que recebi não pressuponha uma exposição – já que é um incentivo à pesquisa e à criação – pretendo montar um projeto de exposição a ser pleiteado ao fim da prática. O resultado possivelmente será ampliado em papel em dimensões de médias a grandes, como venho fazendo. Contudo o que definirá a escolha do suporte, o formato e o mecanismo de apresentação será a característica e a abordagem de cada imagem.



O ARTISTA:
Nascido em Manaus (AM) em 1976, é radicado em Recife (PE), onde se graduou em Artes Plásticas pela UFPE em 2002. Em 2009 recebe o Prêmio Marcantonio Vlilaça – Funarte/MinC, em 2010 o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia.
Das exposições coletivas destacam-se: Modern Photographic Expression of Brazil (Japão, 2008); Nova Arte Nova, CCBB, (Rio de Janeiro – RJ, 2008); Rumos Itaú Cultural de Artes Visuais (São Paulo, Rio de Janeiro e Belém, 2006); Vizinhos: networked art in Brazil (Áustria, 2006); O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, Itaú Cultural (São Paulo, 2005); Photomeetings Luxemburg (Luxemburgo, 2005); Projéteis de Arte Contemporânea, Funarte (Rio de Janeiro, 2005); Arte Pará (Belém, 2002 e 2006). Principais individuais: In Flanders Fields Museum (Bélgica, 2010); Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj (Recife, 2007); Museu da UFPA (Belém, 2007); Itaú Cultural (São Paulo, 2006); Galeria Marcantonio Vilaça do Santander Cultural (Recife, 2006); Galeria Clairefontaine (Luxemburgo, 2005); Galeria Susini (França, 2005). Seu trabalho vem sendo representado em feiras de arte, como: SP ARTE (São Paulo, 2010, 2009, 2008); ARCO’08 e ARCO’06, (Espanha, 2008, 2006); Paris Photo, (França, 2005); Art Cologne (Alemanha, 2005); D-Foto (Espanha, 2005). Possui trabalhos em acervos particulares e institucionais no Brasil e exterior, a exemplo do MAM-SP, Coleção Gilberto Chateubriand MAM-RJ e Maison Européene de La Photographie - Paris.
Cidade:Recife
Estado:Pernambuco
Endereço:Galeria Amparo 60 | Avenida Domingos Ferreira, 92A - Boa Viagem
Inicio:09/09/2010
Fim:02/10/2010
Horário:Terças às sextas, das 10 às 13h e das 14 às 19h Sábados das 10 às 14h
Telefone:81 3033.6060
Sitewww.galeriaamparo60.com.br








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